General Heleno e a revolução silenciosa

O Globo Online

RIO - O Clube Militar do Rio de Janeiro divulgou nota nesta sexta-feira, em defesa do comandante militar na Amazônia, general Augusto Heleno. Nesta quinta, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrou explicações do comandante sobre declarações dadas na última quarta-feira contra a política indigenista do governo. Entre outras coisas, a nota diz que o general "em nenhum momento feriu a disciplina e a hierarquia". Em outro trecho o presidente do Clube Militar, general Gilberto Barbosa de Figueiredo, que assina a nota, diz que "é estranho o Presidente da República pedir explicações sobre o caso. Não me consta que tenha adotado o mesmo procedimento quando ministros do seu partido contestam publicamente a política econômica do governo".

Leia a íntegra da nota:

"Em Seminário realizado no Clube Militar, o Gen Ex Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Comandante Militar da Amazônia, um dos palestrantes, teceu considerações sobre a atual política brasileira em relação à população indígena. Sua enfática explanação em nenhum momento feriu a disciplina e a hierarquia. O que vimos foi a palavra de um Chefe Militar sobre assunto de sua inteira competência e responsabilidade. Sua afirmação de que o Exército não serve a governos e sim ao Estado está respaldada no que prevê o Art 142 da Constituição Federal ao definir as Forças Armadas como instituições nacionais permanentes.

"A política indigenista, todos sabem, está longe de ser consensual, inclusive dentro do governo Lula. Há décadas que se discute se nossos índios devem ser integrados à sociedade brasileira ou se devem ser segregados.

A escolha oficial, hoje, é pela segregação. Tal política não pode ser considerada sequer como deste governo, uma vez que vem sendo adotada já há algum tempo.

"A observação do Gen Heleno foi fruto da angústia de alguém que observa no próprio local a situação aflitiva de algumas comunidades, com sérios problemas de saúde e sem atendimento a outras necessidades básicas; da angústia de alguém que vê, lá na ponta da linha onde poucos gostam de ir, brasileiros passando privações sem nenhum apoio do Estado.

"É estranho o Presidente da República pedir explicações sobre o caso. Não me consta que tenha adotado o mesmo procedimento quando ministros do seu partido contestam publicamente a política econômica do governo. Aliás, uma das poucas coisas que está funcionando coerentemente nessa época em que atitudes voltadas para produzir impacto em palanque são mais importantes do que a ética e a moralidade na condução das ações políticas.

"Gen Ex Gilberto Barbosa de Figueiredo

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